De hoje até o próximo dia 7, teremos de mostrar se, enquanto sociedade, avançamos neste um ano de pandemia. Viver coletivamente exige renúncia e principalmente uma capacidade de, não raro, seguir condutas que, muitas vezes, não compactuamos. Mas é um contrato social necessário e que nos mantêm dentro da civilidade. E que leva à evolução e a um crescimento de toda sociedade.
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Serão dias de expectativa e de um olhar apreensivo para o calendário, por parte dos setores público e privado, que aguardam o retorno do Estado para a bandeira anterior: a vermelha. Inevitável seria, como já está sendo e tem se mostrado ao longo da adoção do modelo de distanciamento controlado do Estado, a insatisfação e a contrariedade de setores com a métrica adotada pelo Piratini.
O fato é que não cabe, agora, tentativas de desconstrução da realidade posta: o colapso das redes pública e privada de saúde frente ao avanço da Covid-19, que faz com que mortes sigam acontecendo em escala impressionante, bem como a falta de leitos. Aliás, a conta da cegueira de alguns viria - como, de fato, veio - para nos cobrar um alto preço por menosprezar a maior pandemia do século. O desdém pela vida somada a uma postura de "deixa tudo aberto" a todo custo foi a combinação, aqui no Brasil, que colocou o país na vanguarda da mortandade com quase 255 mil óbitos. Para coroar esse circo de horrores, tivemos o governo central, a todo custo, dando de ombros à necessidade de uma política séria de imunização.
LINHA DO TEMPO
Nesta quase sádica linha do tempo, o Brasil foi da negação à contaminação. Amargamos um constrangedor segundo lugar com maior número de óbitos pela Covid-19 em todo o planeta. Por aqui, o Rio Grande do Sul precisa, mais uma vez, fazer frente e cuidar do seu povo. E isso depende de todos nós. Não podemos permitir que o 2021 seja, novamente, um ano de incertezas. Até porque já estamos cientes do que nos aguarda: a letalidade de um vírus que não faz distinção das vítimas.
Os governos estadual e municipal optaram pelo caminho da sensatez e do respeito à vida e à ciência. Resta a nós, enquanto sociedade, termos lucidez, serenidade e resignação para que, ao fim dessa semana, tenhamos estancado o pior. Sacrifícios e renúncias serão, novamente, exigidos de todos nós. É o que faz as sociedades evoluírem e aprenderem. Talvez, assim, pela dor - das perdas pessoais e econômicas -, tenhamos mais disciplina e conscientização, tudo o que, desde o começo da pandemia, nos faltou.